A forma como o corpo foi visto e endendido durante a história influencia a nossa vida em todos os aspectos. Carregamos desde Platão a herança de uma visão dualista, onde ficamos habituados, e até condicionados, a pensar no corpo como sendo oposto a mente, distintos e hierarquizados, em que a mente é supeiror ao corpo.
Essa visão grega dual da realidade pode ser observada na obra abaixo chamada "Escola de Atenas" de Rafael Sanzio (1509-1510):
No centro estão representados Platão, a esquerda, de laranja, com a mão para cima, representando o "Mundo das Idéias" e Aristóteles, a direita, de azul, com a mão para baixo, representando o "Mundo da Razão".
Assim, Platão falava em unidade entre corpo e alma, porém nesta unidade estava presente a dualidade e a hierarquização. O homem no ideal platônico é a alma e não o ser humano em sua totalidade. Continuando nessa mesma linha de pensamento nos deparamos com René Descartes que encontrou subsídios no platonismo para afirmar que corpo é apenas uma matéria, um obstáculo que não pode compreender o mundo. O mundo somente seria alcamçado pelo intelecto. Sem a mente o homem não compreende o mundo. Assim, ficou evidente a semelhança do pensamento cartesiano com as reflexões de Platão.
Novo paradigma - O paradigma da totalidade
Apresenta-se um tipo de pensamento que não fragmenta a realidade. É o paradigma da totalidade. No antigo paradigma usava-se a metáfora do conhecimento com um edifício que ia sendo construído através de blocos de construção. Hoje usa-se a metáfora da teia. Na teia não há acima, não há abaixo, não há hierarquias, nem algo que seja mais fundamental. Neste novo conceito de teia tudo está interligado influenciando reciprocamente. Observador e observado constituem uma unidade.Assim o cartesianismo não só exerceu, como exerce até hoje uma grande influência no nosso modo de pensar. Esta miniatura medieval ilustra a ideologia das três ordens sociais (os que rezam, os que guerreiam, os que trabalham). Até nos dias de hoje podemos perceber a dualidade entre um que pensa e outro que executa, sendo aquele que "pensa" melhor remunerado e aquele que "executa" pior remunerado.
A escola é outro lugar onde a questão dual ainda aparece, onde dá mais valor aos conteúdos ligados à "mente" nas disposições cartesianas chamadas disciplinas como a matemática, a química, a física e etc. Já os conteúdos ligados ao "corpo" como na Educação Física, as artes e etc tem menos valor, que influencia na determinação dos tipos de conteúdos propostos, onde aqueles relativos a fato e conceitos, terem tido e ainda têm um presença desproporcional nas propostas currículares. Outra questão a ser pensada é a forma de ensino que é cartesiana onde existem as disciplinas fragmentadas, onde não se fazem relações.
De acordo com Zabala (1998) APUD Darido, há uma tentativa de ampliar o conceito de conteúdo e passar a referenciá-lo como tudo quanto se tem que aprender, que não apenas abrange as capacidade cognitivas, como inclui as demais capacidades.
O nosso curso na Unicid não se apresenta de forma fragmentada, percebemos que as relações se fazem a todo tempo. É um desafio para nós alunos trabalharmos com a idéia de totalidade porque ainda é algo novo para nós, estamos habituados a fragmentar o tempo inteiro, mas percebemos o quanto é deficiente uma educação que fragmenta porque ela reduz, limita e fica distante de um mundo real. Voltarei a tratar da educação de uma forma mais completa de uma próxima vez.
Assim, podemos perceber que mesmo com o paradigma da totalidade estamos muito condicionados ao modo cartesiano, a fragmentação porque o mundo se apresenta ainda dessa forma, mas que, entender essa dinâmica de eventos inter-relacionados nos fará mudar as atitudes para viver de fato a totalidade.
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